Pratique sobre gêneros textuais argumentativos com os exercícios abaixo. Confira as respostas e as explicações no gabarito comentado.

Questão 1

Quando pensamos na perda, furto ou no roubo de um celular, muitas vezes a primeira reação é considerar o prejuízo financeiro. Mas o impacto vai muito além do valor monetário. O celular, hoje, é mais do que apenas um dispositivo tecnológico: ele se tornou uma extensão de quem somos, um repositório dos nossos momentos, memórias e conexões mais íntimas.

Diante desse cenário, o seguro de celular se torna uma ferramenta essencial para mitigar os danos, ao menos no aspecto financeiro. Embora ele não consiga devolver as fotos perdidas ou as mensagens apagadas, o seguro pode fornecer uma sensação de alívio em um momento de estresse. Ele oferece a possibilidade de substituir o aparelho, permitindo que a pessoa foque na recuperação emocional e na restauração dos dados perdidos. Ter um seguro é contar com uma rede de segurança.

A perda ou roubo de um celular é muito mais do que um simples inconveniente. É um golpe emocional que pode nos deixar desorientados e desconectados do que mais importa em nossas vidas. Ao reconhecermos o verdadeiro valor do celular – não apenas como um objeto material, mas como um guardião das nossas memórias e conexões – podemos entender a importância de nos protegermos. O seguro de celular, aliado a boas práticas de backup, oferece uma dupla camada de proteção. Eles não impedem que a perda aconteça, mas garantem que, se ela vier, estaremos preparados para lidar da melhor maneira possível, preservando o que realmente importa: nossa paz de espírito.

(Disponível em Acesso em: 10 set. 2024 (adaptado)

Considerando as estratégias argumentativas utilizadas no texto, conclui-se que o seu objetivo é:

a) enumerar os benefícios do seguro de celular.

b) expor o valor emocional do celular além do material.

c) explicar como recuperar arquivos perdidos no celular.

d) criticar a dependência das pessoas em relação aos celulares.

Gabarito explicado

Alternativa certa: b) expor o valor emocional do celular além do material.

O texto ressalta que o impacto da perda de um celular vai “muito além do valor monetário”, destacando o celular como “uma extensão de quem somos” e um “repositório dos nossos momentos, memórias e conexões mais íntimas”.

Assim, ele reforça que o foco não está no material, mas no aspecto emocional e nas conexões pessoais associadas ao dispositivo.

Questão 2

A força e a beleza da arquitetura colonial

A arquitetura colonial brasileira tem o poder de nos transportar no tempo. Passeando por cidades históricas como Ouro Preto, Mariana ou Paraty, sentimos como se estivéssemos vivendo séculos atrás, no Brasil colônia. Os casarões, igrejas e ruas de pedra nos lembram de uma época de riquezas, mas também de um passado marcado pela escravidão e pela exploração.

O que mais impressiona, no entanto, é o estado de conservação dessas construções. Muito do que vemos hoje resistiu ao tempo e, em muitos casos, à negligência. Ao andar por Ouro Preto, por exemplo, é impossível não se encantar com os ornamentos dourados que ainda brilham após séculos de história.

Esses monumentos não são apenas testemunhos da história, mas também símbolos da resistência e da preservação cultural de um Brasil que, apesar de tudo, mantém viva sua herança.

O texto acima tem como objetivo ressaltar a importância e a beleza da arquitetura colonial brasileira. Qual das alternativas abaixo indica o procedimento argumentativo utilizado pelo autor para alcançar o seu objetivo?

a) “A arquitetura colonial brasileira tem o poder de nos transportar no tempo.”

b) “Passeando por cidades históricas como Ouro Preto, Mariana ou Paraty, sentimos como se estivéssemos vivendo séculos atrás, no Brasil colônia.”

c) “Esses monumentos não são apenas testemunhos da história, mas também símbolos da resistência e da preservação cultural de um Brasil que, apesar de tudo, mantém viva sua herança.”

d) “Os casarões, igrejas e ruas de pedra nos lembram de uma época de riquezas, mas também de um passado marcado pela escravidão e pela exploração.”

Gabarito explicado

Alternativa certa: c) “Esses monumentos não são apenas testemunhos da história, mas também símbolos da resistência e da preservação cultural de um Brasil que, apesar de tudo, mantém viva sua herança.”.

A frase acima enfatiza o papel dos monumentos como símbolos de resistência e preservação cultural. Ela não apenas reconhece o valor histórico das construções, mas também destaca sua importância na manutenção da herança cultural brasileira. Isso alinha-se ao objetivo do texto de ressaltar tanto a importância quanto a beleza da arquitetura colonial.

Questão 3

Identifique o tipo de argumento utilizado no seguinte trecho:

“A educação é a base para o desenvolvimento de qualquer nação. Países com altos índices de escolaridade apresentam maiores índices de desenvolvimento econômico e social.”

a) Argumento de autoridade

b) Argumento de exemplificação

c) Argumento de comparação

d) Argumento de causa e consequência

Gabarito explicado

Alternativa certa: d) Argumento por causa e consequência.

O trecho estabelece uma relação de causa e consequência, ao afirmar que a educação (causa) é responsável pelo desenvolvimento econômico e social (consequência).

Questão 4

Considerando o tipo de argumento utilizado nos seguintes trechos, escolha a alternativa certa.

I. “Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, a educação é um dos principais mecanismos de reprodução social, perpetuando as desigualdades entre classes.”

II. “Assim como uma planta precisa de água para crescer, a mente humana necessita de educação para florescer e atingir todo o seu potencial.”

a) I. argumento de autoridade e II. argumento de comparação.

b) I. e II argumento de causa e consequência

c) I. argumento de comparação e II. argumento de autoridade

d) I. argumento de autoridade e II. argumento de exemplificação

Gabarito explicado

Alternativa certa: a) I. argumento de autoridade e II. argumento de comparação.

I. O trecho utiliza o argumento de autoridade, ao citar Pierre Bourdieu, uma figura reconhecida na área de sociologia, para dar credibilidade à afirmação sobre a educação e a reprodução social.

II. O trecho utiliza o argumento de comparação ao comparar o crescimento de uma planta com o desenvolvimento da mente humana através da educação.

Questão 5

A diferença somos nós: a gestão da mudança social e as políticas educativas e sociais é uma importante reflexão realizada pelos professores Stephen R. Stoer e António M. Magalhães, da Universidade do Porto, em Portugal, acerca do atual debate sobre a problemática das diferenças nas políticas sociais e em particular na educação, considerando especialmente o discurso científico sobre a(s) diferença(s) e as relações subjetivadas com/entre diferentes.

Este é um livro belo e apaixonante, que instiga o leitor a refletir sobre o poder incomensurável das “diferenças”, desafia-nos mexendo em velhos conceitos, concepções e vivências, diversas e conflitantes. Diante das reflexões dos autores, somos impelidos a questionar, de que diferença falamos? Somos nós ou os outros os diferentes? Quem é o diferente?

Nesse instigante propósito de desafiar o leitor a (re)pensar sobre a temática “A Diferença Somos Nós”, os autores organizaram o livro em três partes que se inter-relacionam, estabelecendo relações entre as políticas sociais e educativas e a redefinição da “diferença” nos processos de inclusão/exclusão social.

Pela análise de Stoer e Magalhães, a matriz fundadora da escola para todos, pública, monocultural, advém do modelo etnocêntrico que se traduz na perspectiva assimilacionista; o modelo da tolerância traduz-se na perspectiva do multiculturalismo benigno que exprime a escola moderna e sua lógica estruturadora perante as diferenças; o modelo da generosidade é traduzido na perspectiva do multiculturalismo crítico, em que “pensar a diferença, não a partir do seu próprio discurso, mas através do discurso ‘emancipatório’ sobre ela” (p. 142); o modelo relacional não se traduz na perspectiva da ação anti-racista, mas enfatiza que o duplo multiculturalismo crítico/ ação anti-racista não consegue renovar o inter/multiculturalismo, repondo o jogo de relações com a diferença cultural no jogo mais amplo dos processos sociais.

O modelo relacional baseia-se numa forma de agência mais modesta do que a agência da perspectiva do multiculturalismo crítico que, em vez de ser “emancipatória”, é reflexiva, em vez de propor o domínio da mudança, propõe uma matriz tripla para lidar com a mudança social (surfar, pilotar e gerir – referendadas no capítulo 1). Na reflexão de Stoer e Magalhães, neste modelo, as ideias emancipatórias surgem como heterogêneas e conflitantes entre si; pois “(…) pensar as diferenças, não a partir do discurso – sobretudo se ‘científico’ – sobre elas, mas a partir delas, requer uma atitude epistemológica e política renovada que eventualmente é possível encontrar no que temos denominado o modelo relacional.” (p. 142).

Os autores finalizam expressando que este livro contribui para repensar as políticas sociais, em geral, e, particularmente, as políticas educacionais, ressaltando as políticas da diferença. A leitura deste livro possibilita-nos ir além, a (re)pensar a política educacional no/do Brasil: Como estão evidenciadas nas políticas a inclusão social? Como as políticas educacionais estão sendo propostas e implantadas? Com que objetivos? Na tão proclamada gestão democrática, qual o lugar que as “diferenças” ocupam? Como as concebemos? Convidamos o leitor a desfrutar uma leitura belíssima, encadeada, prazerosa, reflexiva e metafórica.
(…)

(Resenha de MELLO, Elena M. Billig e BAIRROS, Mariângela Silveira da obra A diferença somos nós. A gestão da mudança social e as políticas educativas sociais, de Stephen R. Stoer e António M. Magalhães.)

No texto acima, que é uma resenha, qual é a principal estratégia argumentativa utilizada pelas resenhistas para apresentar as ideias dos professores Stephen R. Stoer e António M. Magalhães sobre a diferença nas políticas sociais e educacionais?

a) Utilização de uma análise crítica para refutar os argumentos apresentados no livro.

b) Descrição imparcial das ideias dos autores, sem expressar opiniões pessoais.

c) Exposição das ideias centrais do livro, destacando a relevância do tema.

d) Comparação das ideias dos autores com outras teorias educacionais contemporâneas.

Gabarito explicado

Alternativa certa: c) Exposição das ideias centrais do livro, destacando a relevância do tema.

As resenhistas expõem as principais ideias dos autores do livro e destacam a relevância do tema, como a relação entre a diferença e os processos de inclusão/exclusão social.

Questão 6

Na semana passada, um estudo realizado pelo Instituto do Coração de São Paulo e publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia deu manchete em vários jornais do país. Segundo a pesquisa, pacientes que sofreram infarto do miocárdio e são atendidos pelo Sistema Único de Saúde, SUS, têm 36% mais chances de morrer do que aqueles que são acompanhados por médicos particulares ou de convênios.

Lendo esta frase, leitores, qual é a conclusão que se tira de imediato? Que o SUS não funciona, vocês dirão; que é um sistema ruim, precário. Mas será que é mesmo?

Indo um pouco adiante no trabalho, descobrimos que na fase de internação a proporção de óbitos é praticamente a mesma nos dois grupos. A mortalidade maior em pacientes do SUS ocorre após a alta, quando a pessoa retorna a seu ambiente habitual. E isto enseja uma reflexão não apenas sobre infarto do miocárdio, como sobre o Brasil em geral. Em primeiro lugar, é preciso dizer que, por paradoxal que pareça, uma maior mortalidade por doença cardíaca pode ser um sinal de progresso – um progresso meio estranho, mas progresso de qualquer jeito. No passado, os brasileiros pobres não morriam de infarto, porque nem chegavam à idade em que o problema ocorre: faleciam antes, não raro na infância, de desnutrição, de diarreia, de doença respiratória. A expectativa de vida cresceu, e cresceu nos países ricos e pobres. As mortes por desnutrição e por doenças infecciosas, causadas por micróbios, diminuíram. Mas isso tem um preço. Viver mais não quer dizer viver de forma mais saudável. O pobre hoje tem mais comida, mas é comida calórica, gordurosa – pobre não come salmão nem caras saladas, nem frutas. Pobre fuma mais, e pobre é mais sedendário – passou a época em que trabalho implicava necessariamente movimento e trabalho físico, e academia de ginástica não é para qualquer um. Pobre tem menos acesso à informação sobre saúde, pobre consulta menos, às vezes porque não tem sequer como pagar a condução que o levará ao posto de saúde. Aliás, temos evidências disto em nossa própria cidade de Porto Alegre: um trabalho recentemente realizado pelos doutores Sérgio L. Bassanesi, Maria Inês Azambuja e Aloysio Achutti mostrou que a mortalidade precoce por doença cardiovascular foi 2,6 vezes maior nos bairros mais humildes da Capital.

(…)

Estas coisas não diminuem a responsabilidade dos serviços de saúde, públicos ou privados, ao contrário, aumentam-na. A questão da informação e da educação em saúde hoje é absolutamente crucial.

SUS e sistemas privados não são antagônicos, são complementares. É claro que a tarefa do SUS é muito maior – afinal, o sistema atende cerca de 80% da população – e é mais difícil: este é um país pobre, que tem poucos recursos, inclusive para a saúde. Mesmo assim, e o próprio trabalho o mostra, estamos no caminho. Apesar de tudo, as coisas melhoram

(SCLIAR, Moacyr. É o SUS – ou é a pobreza. Zero Hora. Porto Alegre, 27 jan. 2009, p. 03).

Qual é o principal argumento utilizado pelo autor para explicar a maior mortalidade por infarto em pacientes atendidos pelo SUS?

a) O SUS é um sistema ineficiente e precário.

b) A maioria dos pacientes do SUS não recebem tratamento adequado durante a internação.

c) A maior mortalidade está relacionada às condições socioeconômicas dos pacientes após a alta hospitalar.

d) O SUS oferece um tratamento mais lento em comparação com os sistemas privados.

Gabarito explicado

Alternativa certa: c) A maior mortalidade está relacionada às condições socioeconômicas dos pacientes após a alta hospitalar.

O texto explica que a maior mortalidade em pacientes do SUS ocorre após a alta hospitalar, quando eles retornam às suas condições de vida, que são piores em termos de alimentação, acesso à informação e cuidados com a saúde.

Isso evidencia que o problema não está necessariamente no tratamento oferecido pelo SUS, mas nas condições socioeconômicas dos pacientes.

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Com informações do Toda Matéria

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