Ingmar Bergman é um dos artistas mais influentes da história da arte. Além de diretor, ele já foi escritor e produtor. Também trabalhou no rádio, na TV e no teatro, no qual escreveu mais de 160 peças. Conheça um pouco mais sobre a vida e as produções de um dos diretores mais consagrados do cinema.
Biografia
Ingmar Bergman nasceu em 1918 na cidade Uppsala, na Suécia. Sua família era extremamente conservadora e seguidora dos rituais luteranos. Diferente de muitos outros cineastas, viveu na burguesia graças às heranças de sua mãe e do dinheiro que seu pai recebia como pastor. A rigidez de uma educação opressora está refletida em diversas obras do diretor.
A formação em Letras e História da Arte o conduziu para o teatro. Essa iniciativa o levou ao cinema, se tornando um ícone da sétima arte. Foi com ‘Sorrisos de uma noite de verão’ (1957), seu terceiro filme, que Bergman obteve os olhares do mundo do cinema, se tornando dos poucos cineastas a ter filmes premiados no Oscar, em Cannes, Berlim e Veneza, se consagrando como um dos diretores mais importantes da história do cinema.
O que você sempre encontrará nos filmes do Bergman
Desde suas técnicas até o conteúdo de suas histórias, Bergman formou um estilo ímpar. Veja as características principais de seus filmes:
- Existencialismo: seus filmes sempre carregam um questionamento sobre a vida, como a morte, a sanidade humana e as crenças. Assim, a densidade de suas histórias são constantemente estudadas pelo viés filosófico do existencialismo.
- Crença: o questionamento da fé e as referências bíblicas são pontos constantes nas obras do autor. Essa característica também se liga às experiências pessoais do diretor, principalmente a questão da infância.
- Morte: geralmente seus personagens questionam a morte, como em ‘O sétimo selo’. A morte também aparece de foma mais sutil, apresentando personagens adoecidos ou com a vida fragilizada, como em ‘Gritos e sussurros’, ‘Sonata de outono’ e ‘O silêncio’.
- Relacionamentos: quando não conjugais, são familiares. Por isso, é muito constante que os longos diálogos entre as personagens sejam presentes em suas obras, sempre carregados de muita intensidade e explorando os problemas nos relacionamentos.
- Sonoridade: a simbologia presente em vários de seus filmes vai além da imagem, pois o som também da margem para a interpretação. Em ‘Persona’, a cena de abertura é mais compreensiva graças ao sonoro, criando unidade às imagens que aparecem desconexamente.
Essas características estão presentes em praticamente todas as obras de Bergman. E para reforçar o conhecimento, observe essas marcas nos filmes a seguir.
10 filmes de Ingmar Bergman para conhecer
De comédias leves até profundas histórias dramáticas, Ingmar Bergman sempre entregou obras acima da média, alcançando reconhecimento mundial. Confira algumas de suas obras:
Fanny e Alexander (1982)
Um dos filmes mais íntimos do diretor, pois o protagonista reproduz a experiência de perdas e repressão religiosa na sua infância. A obra é praticamente unânime no gosto da crítica e venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro, fotografia, direção de arte e figurino.
Morangos silvestres (1957)
Bergman escreveu o roteiro desse filme quando estava internado, tanto é que o filme se passa dentro de um hospital. Isak Borg é um experiente médico antipático e estressado que faz uma viagem na companhia de sua nora. Ele acaba dando carona para alguns rapazes que questionam as escolhas que ele fez na vida. A obra rendeu o prêmio no festival de Berlim.
O sétimo selo (1957)
Um homem de fé abalada e a morte jogam uma partida de xadrez para decidir o destino do mortal. Mas é possível vencer a morte? Certamente, esse filme é uma das obras mais icônicas de Bergman, pois contou com texto bíblico do apocalipse como inspiração para desenvolver a temática da morte. O longa recebeu o prêmio do Júri em Cannes.
Persona (1966)
Também conhecido como ‘Quando duas mulheres pecam’, é um dos filmes mais emblemáticos do cineasta, por trazer questões existenciais profundos. Elizabeth é uma atriz que desenvolve problemas emocionais e se isola em uma casa afastada, vivendo com a enfermeira Alma. Entretanto, a profissional compartilha episódios da sua vida e o que Elisabeth faz com as histórias de Alma é o que torna a relação das duas intrigante.
Cenas de um casamento (1974)
Em 1973, Ingmar Bergman escreveu e dirigiu a minissérie ‘Cenas de um casamento’. No ano seguinte lançou o filme para contar a mesma história. Aqui, o desmoronamento de um casamento se torna o objeto nas mãos do diretor para tratar das conturbações de um relacionamento. O filme está disponível na GloboPlay.
O silêncio (1963)
Embora não seja um dos filmes mais famosos, essa produção certamente rendeu opiniões controversas e polêmicas. O filme se trata da hospedagem de duas irmãs em um hotel, em um país europeu ao qual a história não revela o nome. A narrativa traz várias situações desconcertantes, cheias de simbologias e insinuações que evidenciam os significados das cenas.
Sonata de outono (1978)
O filme conta a história de uma filha fragilizada devido à ausência materna durante toda a sua vida. Na vida adulta, a personagem questiona a sua mãe, uma pianista bem-sucedida. Essa obra é a última produção feita diretamente para o cinema. Ela só foi possível graças ao investimento alemão, já que Bergman estava exilado da Suécia.
Luz do inverno (1963)
Muitos pesquisadores afirmam que ‘Através de um espelho’, ‘Luz do inverno’ e ‘O silêncio’ formam uma trilogia, mesmo que não seja oficialmente confirmado pelo diretor. No caso, ‘Luz do inverno’ trata da religiosidade, no qual um pastor questiona a própria fé. A tradução literal de seu título é ‘Os comungantes’, referência ao ritual tradicional cristão.
Através de um espelho (1961)
O filme aborda questões religiosas em comparação a questões psicanalíticas. A narrativa conta com quatro personagens, que estão em uma ilha, comemorando a alta de Karin, que foi internada em um hospital psiquiátrico. Entretanto, as mudanças emocionais de cada personagem trazem os conflitos da narrativa. O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Gritos e sussurros (1972)
Se trata de uma família que, em seu convívio, compartilham das suas angústias mais íntimas e dolorosas. Agnes é uma mulher doente que precisa de cuidados das suas irmãs, Karin e Maria, e a empregada Anna. As irmãs, massacradas pelo sentimento de culpa e infelizes, pouco podem fazer por Agnes. O filme é reconhecido principalmente pelas cores saturadas usadas no cenário, algo inédito nas obras de Bergman, resultando no Oscar de melhor fotografia.
Os filmes de Bergman são verdadeiras obras de arte por unir estética e temas extremamente profundas. A seguir, conheça um pouco mais sobre o autor.
Videoaulas sobre o cineasta Ingmar Bergman
Assistir videoaulas é uma ótima maneira de aprimorar suas análises. Confira mais sobre o autor e suas obras:
Bergman a partir da psicanálise
É incontestável que Bergman possui um cinema muito particular. Mas essa característica não surgiu do nada. Por isso, conheça a história de Bergman e entenda como o núcleo familiar cheio de mulheres fortes impactou o cinema do diretor. Aprenda a utilizar a psicanálise para entender a complexidade dos filmes de Bergman.
O cinema de Bergman
Agora é o momento de conhecer a cinematográfica de Bergman, bem como as caracteríscas técnicas de uma boa produção. Durante as explicações, acompanhe como a linhagem estética é diretamente ligada a vida pessoal do diretor, especialmente religião e núcleo familiar. Para finalizar, anote a análise de alguns filmes selecionados.
Filmes para conhecer Ingman Bergman
Ficou com dificuldade de selecionar os primeiros filmes para assistir? Então siga a lista desse vídeo! As recomendações são ideais para conhecer as principais características de Bergman e a seleção promete te fazer se apaixonar. Não se esqueça de seguir a ordem para não estragar a experiência, hein.
Gostou de conhecer Ingman Bergman? Então não pare por aí, fique por dentro da biografia e principais características do cineasta Francis Ford Coppola.
Referências
A história do cinema para quem tem pressa (2018) – Celso Sabadin.
A arte do cinema (2018) – David Bordwell e Kristin Thompsom.
Dicionário teórico e crítico de cinema (2010) – Jacques Aumont e Michel Marie