Para o historiador Erick Assis, a estátua, além da dimensão literária e romancista, é um importante ícone da feminilidade, da maternidade. “A Iracema é como se fosse uma mãe que protege Fortaleza. Não com a arma do nosso Forte, que representa o masculino, mas com o charme e a delicadeza”, afirma.

Zenon Barreto

A obra será levada para armazenamento em uma espaço adequado. Após este processo, será iniciado o trabalho de restauro do patrimônio. A Prefeitura de Fortaleza informa que técnicos já trabalham para recolher a estrutura da escultura Iracema Guardiã, do artista Zenon Barreto, localizada na Praia de Iracema.

História da Praia de Iracema
A Praia de Iracema recebeu esse nome porque os moradores achavam que o bairro precisava de uma denominação culturalmente relevante e resolveram homenagear a obra do escritor José de Alencar.

Essa obra relata a história de amor entre a índia Iracema e o europeu Martin Soares Moreno. O romance começa porque Martin ficou encarregado de colonizar a região, atual Ceará. Foi ali que ele conheceu “Iracema, a virgem dos lábios de mel”.

O foco da obra é o romance entre Iracema e Martim, branco e civilizado. Muitos consideram uma alegoria da submissão do índio ao branco, entendida como a traição de Iracema ao violar o a tradição indígena e dar a bebida secreta do pajé à Martim.

Iracema se apaixona por Martim e ele por ela, mas os dois não podem ficar juntos, pois, ela era a virgem que guardava o segredo da jurema, na noite em que é revelado o segredo da jurema, Iracema foge com Martim, e os dois passam então à viver juntos, junto aos Pitiguaras.

Por que o mar fica impróprio? Michael Viana, que também é professor e pesquisador no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que a água do mar fica imprópria, principalmente, por contaminação fecal.

O final de Iracema é triste: a índia acaba morrendo e entregando seu filho aos braços de Martim. A criança é a prova do amor dos dois, filha de uma indígena e um português, tornando-se o primeiro cearense de muitos outros que viriam.

É filha do pajé Araquém, nasceu e se criou nos campos dos Tabajaras. Fisicamente Iracema é descrita como “a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira”.

Iracema viola o segredo de sua tribo e prepara a bebida para Martim que, entorpecido, imagina possuir a jovem índia e, quando desperto, torna-se seu esposo.

Moacir, filho de Iracema e Martim; Japi, cão de Martim.

Importância do livro
É considerado um poema em forma de prosa, com características épicas, em que tanto Martim como Iracema são heróis. Iracema é uma típica heroína que representa o romantismo: espera o amado, se entrega a ele, fica com saudades, e morre por essa saudade.

Situada no começo do século XVII, Iracema é uma jornada que emana tensões, pois reflete a dominação espanhola no território português, destacando a força da união entre as coroas, a conhecida União Ibérica, com hierarquia da dinastia castelhana no bojo das colônias ultramarinas de Portugal.

O livro da literatura brasileira “Iracema” transmite a mensagem de que os índios obedecem às ordens do colonizador português, a partir do exemplo da índia Iracema que deixa sua tribo e família devido ao amor por Martin.

A relação entre Martim e Iracema significa a união entre o branco colonizador e o índio, entre a cultura europeia, civilizada, e os valores indígenas, apresentados como naturalmente bons. É uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira.

Quando José de Alencar diz que Iracema é “a virgem dos lábios de mel”, significa que “os lábios de Iracema são tão doces quanto o mel”. Para João Cabral de Melo Neto, a serra do sertão é “magra e ossuda”, ou seja, é tão seca ( = sem vegetação) que parece um ser muito magro, tão magro e ossudo como o sertanejo em geral.

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