As migrações internas no Brasil, também denominadas como migrações inter-regionais, são fluxos migratórios observados no interior de um território. Tratando-se de Brasil, a dinâmica é facilmente identificável de acordo com vetores migratórios, que se iniciam desde o período colonial.
A intensificação deste fenômeno, no entanto, ocorreu em meados do século XX, seguindo a dinâmica econômica do país. Assim, o processo de migração interna no Brasil está diretamente ligado à concentração econômica do país.
Contudo, faz-se ressaltar que a composição estrutural também infere influência significativa no processo intra-migratório. Como os sistemas de transportes eram precários, não havendo estrutura rodoviária, férrea ou fluvial, o deslocamento em massa era inexistente, para não classificar como raro.
Alem da mobilidade limitada, condições de vida precárias presentes em grande parte do território eram um dos fatores que limitavam a migração inter-regional. O trabalho escravo ocorrido durante parcela significativa da história nacional também inferiram diretamente.
Migrações Internas no Brasil e os vetores migratórios
Vetores de migrações internas no Brasil servem de modo a verificar os deslocamentos populacionais no território. No Brasil, o principal vetor nos últimos anos se observa no Nordeste do país e também no norte de Minas Gerais.
Ambos se deslocam para as regiões Sul e Sudeste do Brasil, com grande contingente para São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis.
O fluxo teve início ao fim do século XIX, consolidando-se de modo mais acentuado durante o século XX. As datas colidem com o momento de declínio econômico do Nordeste e a ascensão industrial do Sudeste.
O vetor migratório do Nordeste para o Sudeste é ainda presente, mas a partir da década de 1980 nota-se um declínio. No ano de 2001, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) levantou os seguintes dados:
- O número de pessoas deixando o Nordeste em deslocamento para o Sudeste foi menor do que no sentido contrário pela primeira vez;
- A tendência das migrações internas no Brasil envolvendo o fluxo Nordeste-Sudeste repetiu-se até 2008;
Recuperação econômica e distribuição de renda
As mudanças no fluxo migratório justificam-se pela recuperação econômica vivida pela região. Durante o século XXI, as indicações de recuperação econômica e de industrialização mostram uma região em melhor estado do que décadas anteriores.
Ofertas de emprego, descentralização industrial e implemento de novas tecnologia foram alguns dos fatores pontuais. Isso fez com que as migrações internas no Brasil mudassem seus vetores observados anteriormente.
Inverte-se a ordem, e muitos moradores do Sudeste acabaram direcionando-se para o nordeste. O campo produtivo e setores secundários passaram a ofertaram abaixo da demanda, e, em muitos casos, mão-de-obra era necessária ser convocada.
Papel de destaque
A nova dinâmica demográfica do Brasil vem mostrando como o papel das regiões Norte e Centro-Oeste nas migrações internas no Brasil. Ao longo da década de 1970, nota-se o resultado observado da política de Marcha para o Oeste, que iniciou-se na década de 1940.
Devido a oferta de emprego e qualidade de vida para essas regiões, a concentração de habitantes se intensificou, a medida que se aproxima do litoral brasileiro. Atualmente, o inverso ocorre, com um maior fluxo migratório existente em direção às zonas centrais brasileiras e também ao Amazonas.
Referências
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.
Exercícios resolvidos
1. [FEI]
Migrações pendulares são:
a) movimentos da população rural em direção aos grandes centros urbanos.
b) deslocamento maciço de populações urbanas em direção ao campo.
c) movimentos ligados a atividades pastoris.
d) movimentos diários de trabalhadores entre o local de residência e o local de trabalho.
e) troca de imigrantes entre as grandes regiões.
Resposta: D
2. [UNIFOR]
A região que forneceu o maior contingente de colos-imigrantes para a ocupação da fronteira agrícola, no Mato Grosso, Rondônia e Acre, durante os anos 70 e 80, foi a:
a) Norte
b) Nordeste
c) Centro-Oeste
d) Sul
e) Sudeste
Resposta: D
3. [UFF]
“Os fatores de conservação transformaram o semiárido em uma região aparentemente sem história, dada a permanência e imutabilidade dos problemas. Como se com o decorrer das décadas nada tivesse se alterado e o presente fosse um eterno passado. A cada seca, e mesmo no intervalo entre uma e outra, milhares de nordestinos foram abandonando a região. Sem esperança de mudar a história das suas cidades, buscaram em outras paragens a solução para a sobrevivência das suas famílias. Foi nos sertões que permaneceu inalterado o poder pessoal dos coronéis, petrificado durante o populismo e pela migração de milhões de nordestinos para o sul” (VILLA, Marco Antônio. Vida e morte no sertão: história das secas no Nordeste nos séculos XIX e XX. São Paulo: Ática, 2000, p. 252).
Com base no trecho acima, é possível concluir que:
a) a grande evasão das populações do Nordeste em direção à região Sudeste resultou no “boom” da borracha ocorrido na década de 1970;
b) as secas nordestinas não podem ser historicamente explicadas, já que decorrem de fenômenos estritamente geográficos;
c) a “indústria da seca” no Nordeste beneficiou diretamente as grandes capitais da região, estimulando sua industrialização em inícios do século XX;
d) as secas do Nordeste, resultando na multiplicação de fortes correntes migratórias, transformaram o homem nordestino em sinônimo exclusivo de flagelado;
e) a grande mobilidade dos nordestinos, mais que uma decorrência das secas, foi fruto de um sistema de dominação baseado na propriedade da terra que marginalizava homens livres e pobres.
Resposta: E
4. [UCB]
No que se refere às migrações brasileiras, julgue os itens a seguir:
a) A desconcentração industrial é uma das principais causas da freada na migração interna do Brasil.
b) Atualmente o Centro-Oeste é a região brasileira que mais retém migrantes.
c) A melhoria dos sistemas de transporte e de comunicação aumentou a concentração industrial nos grandes centros urbanos brasileiros, que continuam atraindo grandes contingentes migratórios.
d) A transumância é o movimento migratório invertido, ou seja, as pessoas abandonam os grandes centros e buscam fixar-se em cidades pequenas ou médias.
e) No movimento pendular, uma determinada população deixa o seu domicílio pela manhã para trabalhar em outra cidade ou região e retorna ao término do dia.
Respostas:
a) Verdadeira.
b) Verdadeira.
c) Falsa.
c) Falsa.
e) Verdadeira.